segunda-feira, 22 de março de 2010

Comentários ao periódico estudantil DCE UEPB

Nesses dias, chegou a mim na faculdade um exemplar do Periódico do movimento estudantil da UEPB, referente ao mês de março de 2010. A produção do jornal é de responsabilidade do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual da Paraíba, o qual recebe um repasse de dinheiro para que possa trabalhar o que inclui a produção do periódico.

Pois bem, após ler o jornal, alguns pontos chamaram minha atenção, tamanho o absurdo contido em suas linhas.

Na matéria intitulada “Congresso do DCE aprova cobrança de mais 1% das receitas do Estado para a UEPB”, somos brindados com a seguinte frase: Já no sábado, realizou-se o debate sobre o golpe militar em Honduras e as lutas na América Latina(...) O tom de discussão foi a luta pelo socialismo no continente e a necessidade de uma maior organização popular no Brasil para tirarmos o país da lógica das privatizações e da influência dos EUA nas nossas decisões.

Vejam só, meus amigos, a insanidade contida nessas poucas palavras: em primeiro lugar não houve golpe - muito menos militar- em Honduras. Aliás, se existiu um golpista em toda a trama hondurenha, esse golpista foi o presidente Manoel Zelaya, que tentou afrontar a Constituição de seu país, a despeito das orientações do poder judiciário acerca da ilegalidade do procedimento pretendido por Zelaya, que visava à permitir a reeleição naquele país. Lembramos que, segundo a Carta Magna de Honduras, o simples fato de se apoiar ou promover continuísmo ou reeleição do Presidente da República, já justifica a perca de cidadania e, no caso do Presidente, seu afastamento.

Quanto à natureza militar do pseudogolpe, o exército apenas cumpriu ordens do poder judiciário no sentido de afastar Zelaya, infrator da Constituição, o verdadeiro golpista da história. O periódico ainda fala em livrar o Brasil da influência dos EUA. Caros amigos, os EUA são a maior democracia do planeta, e um Estado pioneiro na defesa e garantia dos direitos fundamentais, com a Declaração da Virgínia, de 1776, anterior, inclusive, à Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Penso eu que é mais saudável ser influenciado pelos EUA do que por Cuba, uma ditadura que persiste no poder há mais de 50 anos, oprimindo e massacrando o povo cubano, cerceando seus direitos, e forçando-os a viver sob um sistema ultrapassado e arcaico, negando-lhe, inclusive, o direito de sair do país.

Mas a matéria mais absurda e contraditória de todas é a Quem tem medo dos Direitos Humano? Apologia barata ao PNDH – 3, esse plano que contém cláusulas medíocres que, ao invés de proteger, afrontam esses Direitos. A matéria diz que o plano vem sofrendo diversos ataques por parte da direita em todo o país.

Nas linhas seguintes, o jornal cita que O projeto avança em diversos eixos, aprofundando o debate dos Direitos da mulher e prevendo, além de medidas educativas com relação à sexualidade, a legalização do aborto, por exemplo, (...). A defesa explícita do aborto como um Direito da mulher exclui sumariamente os direitos do nascituro, ignorando a inviolabilidade da vida, em face de uma falsa autonomia reprodutiva da mulher, que ignora a presença masculina na geração do embrião, além de incentivar a prática irresponsável do ato sexual, negligenciando as suas consequências.

Assim, o aborto não é um Direito. Pelo contrário, é uma prática obstativa de Direito, na medida em que fere o direito à vida do nascituro, além de subordiná-lo a um mero capricho de sua genitora. É o absurdo do absurdo.

Posteriormente o periódico posiciona-se acerca de outro ponto polêmico do PNDH – 3, a Comissão Nacional da Verdade, nome pomposo, de ar heróico, porém que não passa de uma tentativa de revanchismo, de vingança contra os militares, pelos crimes cometidos por estes durante a ditadura militar.

Repudio qualquer forma de ditadura, inclusive a ditadura militar brasileira. Reconheço que houve práticas de tortura, assassinatos e demais violações de Direitos Humanos, porém estas práticas não foram exclusivas dos militares. Os ditos “Heróis da resistência” também torturaram, mataram, pilharam e sequestraram. Ambos cometeram atrocidades, e a anistia a ambos os lados foi a forma mais sensata de se promover a pacificação das partes envolvidas.

Vale ressaltar que a instalação de guerrilhas no Brasil foi anterior ao golpe de 1964, o que prova que, na verdade, a guerrilha não foi uma forma de resistência à ditadura, mas sim a tentativa de se implantar no Brasil outra ditadura, provavelmente mais cruel do que a militar, sob influência dos modelos soviéticos, chineses e cubanos.

Ainda na mesma matéria se defende o controle da imprensa, a censura chavista, disfarçada sob as aparências de “impedir o monopólio das comunicações” que, na verdade, consiste em instaurar um patrulhamento ideológico no país, ferindo mortalmente a liberdade de imprensa, que o plano jura defender.

Para eles devemos defender os Direitos Humanos, mas devemos também fazer vista grossa ao que ocorreu e ocorre em Cuba, por exemplo, onde opositores do regime castrense, por simplesmente discordarem do governo, são presos e torturados. Os expurgos de Stállin, o massacre de Holomodor, e do Camboja para eles não são violações dos Direitos Humanos. Interessante, não?

ÍNTEGRA DO JORNAL DISPONÍVEL EM: http://dceuepbnet.blogspot.com/2010/03/jornal-2010-do-dce.html